Quando Deus chamou a Paulo para ir à Europa, mostrou-lhe, numa visão, um varão macedônio que lhe rogou, dizendo: “Passa à Macedônia e ajuda-nos!”(At 16.9). Esse homem, que o apóstolo viu em sua visão, apresentava no seu pedido todos os sofrimentos, angústias e decepções em que os povos na Europa viviam naquele tempo, por não conhecerem o caminho da salvação. O mesmo clamor ainda hoje se ouve! O clamor dos que não foram alcançados pelo amor de Cristo deve representar para nós motivo real para realizarmos urgentemente a obra missionária. Qual deve ser sua resposta diante deste imenso desafio? De que forma você pode contribuir para a expansão do Reino de Deus? Qual é a sua parcela neste empreendimento divino?
A Grande Comissão deve ser prioridade na vida de cada discípulo de Cristo. Seu alvo é alcançar o mundo inteiro com a mensagem do evangelho, dando as orientações necessárias para que cada pecador tenha, de forma clara, condições de optar positivamente pela sua própria salvação. O campo a ser abrangido pelo testemunho dos crentes vai desde a cidade onde vivem até aos confins da terra em ação simultânea. Isto é, a ordem de Jesus é que evangelizemos ao mesmo tempo onde estamos, nos arredores, nas províncias distantes e em todas as nações do mundo.
INTRODUÇÃO
Quando Jesus ordenou que se levasse o evangelho a todas as nações, referia-se também aos grupos étnicos. A palavra grega para “nações” ou “mundo”, usada nesse contexto missiológico, (Mt 24.14; 28.19, Lc 24.47) é ethnos, de onde vem a palavra “etnia”. A ordem não diz respeito meramente a países, mas aos diferentes grupos étnicos, que se acham nos países politicamente organizados, e estes estão em torno de 1.739.
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I. JANELA 10/40
- O que é a Janela 10 por 40? É a região onde habita 66% da população mundial, e ocupa 33% da área total do planeta, compreendendo 62 países. Os dois maiores países do mundo, em número de habitantes, encontram-se nessa área: China e Índia. Os dois juntos representam cerca de 33% da população da terra. Esta região estende-se desde o oeste da África até ao leste da Ásia, e é comparada a uma janela retangular, estando entre 10 e 40 graus ao norte da linha do equador. Todas as terras bíblicas encontram-se nessa janela. O apóstolo Paulo ultrapassou esses limites nas suas viagens missionárias (Rm 15.19).
- Características. É a área do mundo onde vive o maior número de povos não alcançados, predominando os seguidores do Islamismo, do Hinduísmo e do Budismo. O Islamismo está atingindo 1 bilhão de adeptos, o Hinduísmo, mais de 700 milhões. A Janela 10/40 é conhecida como o Cinturão de Resistência; nela se encontram as fortalezas de Satanás, pois 37 dos 50 países menos alcançados do mundo localizam-se nessa região. Nessa área, estão 82% dos mais pobres do planeta. Bilhões de pessoas são vítimas das enfermidades, misérias e calamidades.
II. POVOS SEM PÁTRIAS
- Os curdos. São os descendentes de Elão, filho de Sem, filho de Noé (Gn 10.22). Os elamitas estavam presentes no Dia de Pentecostes (At 2.9). Atualmente a maioria está concentrada no Iraque e na Turquia. Lutam para reconstruir sua pátria; o que eles estão vivendo é o cumprimento da Palavra de Deus (Jr 49.34-39). A palavra profética contempla, no v. 34, um final glorioso para esse povo. Sua evangelização tem sido um desafio para as igrejas, pois eles são muçulmanos.
- Os povos bérberes rifenhos. São provenientes da região de Cirene, norte da África, terra de Simão, cireneu, mencionado nos evangelhos sinóticos (Mt 27.32; Mc 15.21; Lc 23.26); e de Lúcio (At 13.1). Estavam também presentes no Dia de Pentecostes (At 2.10). A maioria deles habita no norte da África, nas montanhas do Rife, região que vai do Marrocos até à Tunísia. De maioria muçulmana, sua maior concentração na Europa está em Amsterdã, Holanda. Falam o Tamazigh; o evangelho de João já foi traduzido nessa língua. Sua evangelização é um desafio para as igrejas devido a sua religião islâmica.
- Os indígenas brasileiros. Quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, em 1500, havia entre 5 a 6 milhões deles, divididos em cerca de 900 grupos étnicos. Foram dizimados impiedosamente pelos colonizadores. Hoje, 500 anos depois, eles estão reduzidos a 250 mil e a 221 grupos, sendo 41 desses grupos com mais de 1.000 membros e 56 com menos de 100 indígenas falando cerca de 185 línguas diferentes (dados de 1991). Sua evangelização constitui-se num desafio para todos nós, por causa das pressões dos sociólogos incrédulos, da imprensa e da grande variedade de línguas que dificulta prover literatura em sua língua.
III. OS ADEPTOS DE SEITAS
- O desafio das seitas. Onde quer que o missionário seja enviado, para qualquer parte do planeta, lá estarão as seitas. Os adeptos de seitas estão incluídos na lista dos grupos não alcançados, e sua evangelização é um desafio para a Igreja. Hoje há no mundo 10 religiões, além do Cristianismo, são elas: Judaísmo, Islamismo, Hinduísmo, Budismo, Confucionismo, Taoísmo, Xintoísmo, Jainismo, Sickismo e Zoroastrismo; e cerca de 10 mil seitas, sendo 6 mil delas na África e 1.200 nos Estados Unidos. Entre as seitas prolifera o Espiritismo, manifesto ou disfarçado, nas suas muitas ramificações. Vale ressaltar aqui o nosso lema: “Você está disposto a fazer pela verdade o que as seitas fazem pela mentira?” (Jd v.3). O que você está fazendo para a salvação desses povos e grupos não alcançados? (Pv 24.11).
- Como alcançá-las? Seus adeptos estão à nossa volta, mas requer-se dos crentes conhecimentos sólidos das doutrinas vitais do Cristianismo. Além disso, é necessário conhecer as crenças das seitas, seus argumentos e saber como refutá-los à luz da Bíblia (2 Tm 2.15; 1 Pe 3.15). Mesmo assim, o trabalho só terá êxito se for realizado na direção e capacitação do Espírito Santo (Jo 16.8-11). Ainda são poucos os que se desprendem para tal tarefa. Geralmente são as pessoas que vieram dessas seitas que se preocupam com a evangelização de seus antigos irmãos.
IV. OS MUÇULMANOS
- Sua origem. Os muçulmanos são os adeptos do Islamismo. O termo “islamismo” vem da palavra árabe islão, que significa “submissão”; uma referência a sua obediência à sua divindade Alá. É uma religião fundada por Maomé (570-634 d.C.) na Arábia Saudita. Hoje são cerca de 1 bilhão de seguidores; a maioria na Janela 10 por 40. Para cada seis seres humanos no planeta um é muçulmano, dois são cristãos (incluindo os cristãos nominais), um já ouviu falar de Jesus pelo menos uma vez, e dois nunca ouviram falar de Jesus.
- O grande desafio à Igreja. A evangelização dos muçulmanos é um dos maiores desafios da Igreja, isso porque nenhuma religião do mundo odeia tanto a cruz de Cristo como o Islamismo; e além disso, ensinam seus adeptos a opor-se ao Cristianismo. O islão não é apenas uma religião, mas também um sistema político, social, econômico, educativo e judicial. A sociedade muçulmana exige estrita fidelidade por parte dos seus cidadãos. A opinião do indivíduo conta pouco; o que a comunidade pensa é muito mais importante. O comportamento de um indivíduo é controlado de tal maneira pela sociedade que quase não resta espaço para uma ação independente. É por isso que o muçulmano não está habituado a tomar decisões pessoais, como aceitar o evangelho, crendo em Cristo como o seu Salvador.
- Suas crenças. Negam a Trindade, a divindade de Jesus; afirmam que Jesus não é o Filho de Deus; negam sua morte na cruz; ressaltam que não é necessário alguém morrer pelos pecados de outrem e rejeitam a doutrina do pecado original. Apesar de serem monoteístas, professando sua crença em Alá como único Deus e em Maomé seu profeta, negam e atacam os fundamentos do Cristianismo. O conceito deles sobre cada doutrina do Cristianismo é distorcido e antibíblico. Eram poucos os cristãos na Arábia, nos dias de Maomé. Além disso, o Cristianismo daquela região, de maioria nestoriana, não era bíblico. Isso explica o fato de Maomé haver pensado que a Trindade se constituísse de Pai, Filho e Maria (Alcorão, Sura 4.171; 5.72.73), em vez de Pai, Filho e Espírito Santo (Mt 28.19; 2 Co 13.13).
- O Alcorão. Nós temos a Bíblia e eles o Alcorão. Os muçulmanos nunca puderam provar ser o seu livro de origem divina. Suas declarações são meramente dogmáticas, baseadas na autoridade que seus adeptos lhe atribuem. O certo é que a Bíblia e o Alcorão se opõe um ao outro. O Alcorão nega a morte de Jesus; diz que Ele não foi crucificado (Sura 4.157); ao passo que toda a Bíblia fala de sua morte, tanto em termo de profecia (Gn 3.15; Is 53), como de figuras, ver o sacrifício de Isaque (Gn 22); ilustrações (Hb 9.9-11), e sua historicidade nos Evangelhos e o seu significado nas epístolas (1 Co 15.3). O fato é confirmado também pela história (Josefo e Tácito).
CONCLUSÃO
A história da Igreja é marcada pelos desafios. Oramos 70 anos para que Deus fizesse ruir a Cortina de Ferro (os países comunistas) e Deus ouviu a nossa oração. Depois de tudo isso perguntamos: “O que estamos fazendo nesses países?” Infelizmente, muito pouco. Restam ainda a China, a Coréia do Norte e Cuba. Apesar de o evangelho estar sendo pregado nesses países, não deixa de ser mais um desafio para a Igreja. A Janela 10/40 ainda é um dos maiores desafios missionários da atualidade. Por isso todos os crentes devem orar, contribuir, apoiar e inteirar-se das necessidades dos trabalhos missionários direcionados para essa região do planeta.
Autor: Esequias Soares
Extraído da Revista Lições Bíblicas – CPAD – Jovens e Adultos – Lições do 3º Trimestre de 2000